Inflação dispara e passa de 12% no período de um ano

Mês após mês, os preços ficam cada vez mais altos; comida e combustíveis são os produtos que subiram mais

A inflação oficial brasileira saltou para 12,13% nos últimos 12 meses. Em abril, o índice foi de 1,06%, a maior elevação registrada para o mês desde 1996, quando ficou em 1,26%. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta quarta-feira (11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A meta da inflação do Banco Central para 2022 é de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5%, para cima ou para baixo, o que daria uma variação do índice de 2% a 5%. Porém, só nos quatro primeiros meses do ano, o IPCA já soma 4,29%.

Alimentos e transportes

Segundo o IBGE, o maior impacto ocorreu em alimentos e bebidas (alta de 2,06%), com destaque para leite longa vida (10%), batata inglesa (18,28%), tomate (10,18%), óleo de soja (8,24%), pão francês (4,52%) e carnes (1,02%). A alta dos transportes, de 1,91%, vem logo atrás, puxada principalmente pelos preços dos combustíveis (3,2%).

Saúde e cuidados pessoais, também estão entre os grupos mais afetados, com 1,77% de elevação média. Os medicamentos sofreram reajuste de 10,89% no mês. Com o fim da cobrança extra na energia elétrica, o grupo habitação foi o único com queda (6,27%), mas ainda assim foram registradas altas no gás de botijão (3,32%) e no encanado (1,38%).

Segundo a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, a situação está se tornando insustentável. “A inflação ataca exatamente os itens essenciais da cesta básica. Com a atual política econômica, o país está de volta ao mapa da fome, a miséria se espalha pelo Brasil inteiro e temos 77% das famílias brasileiras endividadas”, disse.

Mínimo sem ganho real

A equipe econômica tenta conter a inflação com a elevação dos juros básicos do país, e no início de maio, elevou a taxa Selic pela décima vez consecutiva, para 12,75%. Pouco mais um ano atrás, em março de 2021, o índice estava em 2%. Ao mesmo tempo, propôs que o salário mínimo tenha correção de apenas 6,7% e não tenha ganho real pela primeira vez desde o anúncio do Plano Real, em 1994.

Para o técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) da subseção Contraf-CUT, Gustavo Cavarzan, “a elevação da Selic não tem nenhuma utilidade para conter esse tipo de inflação e irá causar mais estagnação econômica e deterioração da renda e do emprego”. Conforme ele explicou, “nossa inflação está vinculada à política de preços da Petrobrás, ao aumento do custo da energia elétrica, à desvalorização da nossa moeda e a eventos externos, como o conflito na Ucrânia”. Por isso, “deveríamos estar discutindo a política de preços dos combustíveis, a mudança da matriz energética e a utilização de estoques reguladores de alimentos, e não o aumento das taxas de juros”, concluiu.

Juvandia reforçou que “a inflação alta reduz o poder de compra dos trabalhadores, que precisam gastar mais para comprar cada vez menos”. A dirigente enfatizou que “esse é o projeto do atual governo: empobrecer o trabalhador e concentrar cada vez mais toda a riqueza do Brasil nas mãos dos grandes grupos econômicos de forma descarada”. Para ela, “chegou a hora de dar um basta, as forças populares devem se unir neste ano de eleições e dar novo rumo ao país, escolhendo candidatos comprometidos com justiça social e a soberania nacional”.

Fonte: Contraf