Bradesco supera estimativas e lucra R$ 4,2 bilhões no 1º tri

Bradesco teve um lucro líquido recorrente de R$ 4,2 bilhões no primeiro trimestre de 2024, levemente acima das expectativas do mercado. Segundo levantamento da Bloomberg, analistas esperavam um resultado de R$ 3,86 bilhões.

O número divulgado pelo banco nesta quinta-feira (2), porém, é 1,6% menor que o visto no mesmo período de 2023. Em relação ao último trimestre do ano passado, há uma melhora de 46,3%.

Este avanço trimestral se deve ao aumento na concessão de crédito em todos os segmentos, em meio à queda da inadimplência e das despesas.

Após uma forte queda nos indicadores do quarto trimestre de 2023, o banco diz ver um ponto de inflexão.

“O balanço apresenta solidez e começamos o ano superando desafios. Isso nos dá confiança de prosseguir na jornada de alcançar uma maior participação de mercado, no ritmo realizado neste primeiro trimestre”, afirma Marcelo Noronha, presidente do Bradesco.

O ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido) do Bradesco ficou em 10,2% neste primeiro trimestre, uma leve piora de 0,4 ponto percentual na comparação anual, mas 3,3 pontos percentuais na trimestral —ao fim do ano passado, a instituição teve um ROAE de 6,9%, abaixo da média histórica.

Já a carteira de crédito do banco cresceu em ambas as comparações, somando R$ 889,9 bilhões. O destaque na concessão de empréstimos no trimestre é o segmento para pessoas físicas, com alta anual de 2%, impulsionado pelo consignado.

A qualidade do crédito também melhorou. O gasto com PDD (provisão para devedores duvidosos) somou R$ 7,8 bi ao fim de março, 17,9% a menos que no mesmo período de 2023 e 25,8% menor que no fim do ano passado.

A inadimplência (atrasos acima de 90 dias) ficou em 4,8%, queda de 0,3 ponto percentual tanto na evolução anual, como na trimestral. Os atrasos entre 15 a 90 dias, porém, continuaram em 4,1% apesar da queda de pessoas jurídicas, por conta do aumento de 4,9% para 5,2% de pessoas físicas.

Segundo Noronha, o aumento nos atrasos foi pontual e voltou à normalidade em abril. “Estamos muito seguros com a inadimplência”, afirmou em entrevista coletiva a jornalistas para comentar o balanço.

No primeiro trimestre, as despesas operacionais também tiveram queda trimestral significativa, de 10,5%, para R$ 13,36 bilhões. Na evolução anual, porém, o número é 4,4% maior.

O destaque negativo do banco no período ficou com a margem financeira com clientes, que caiu 5,9% e 14,4% nas comparações trimestral e anual, respectivamente, para R$ 14,5 bilhões. Ou seja, o banco está lucrando menos com sua atividade central, a intermediação financeira via concessão de empréstimos.

“Estamos vivenciando a volta gradativa dos nossos fundamentos, graças ao engajamento dos executivos e colaboradores aos projetos que propusemos. A redução das despesas, por exemplo, foi relevante, o que indica que a proposta de controle rígido dos custos e austeridade administrativa está sendo aplicada”, afirma Noronha.

Ainda segundo o executivo, o banco ajustou seus modelos de crédito para conceder empréstimos menos arriscados.

“O apetite a risco é diferente. O esforço comercial é maior, mas com modelos [de crédito] muito melhores. Estamos trabalhando muito mais com machine learning, e estamos mais restritivos para [conceder crédito a] quem não é correntista”, disse Noronha.

Para o presidente do Bradesco, o contexto macroeconômico deve ajudar na recuperação da lucratividade do banco. “A massa de renda deve crescer 4,4% em 2024 acima da inflação e o crescimento de PIB deve vir mais para 2,5% do que para 2%. Fora que o Fed disse que não vai subir juros. Portanto, tenho perspectiva de queda na inadimplência.”

Segundo analistas, o resultado do banco foi misto. Apesar da queda nos custos, o banco não conseguiu lucrar mais com os empréstimos.

“Temos a combinação de uma carteira de crédito que não cresce, aliado a um mix pouco rentável, o que explica boa parte do mau momento do banco. Alguns sinais, no entanto, nos parecem benignos: um importante recuo do custo do crédito […] e na inadimplência acima de 90 dias”, afirma Rafael Reis, analista do BB Investimentos.

Fonte: Folha de S. Paulo

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